domingo, 30 de agosto de 2015

"As Flores do Mal", de Charles Baudelaire

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Há já uns bons anos que queria ler est'As Flores do Mal, de Baudelaire, na tradução de Fernando Pinto do Amaral; mas, por uma situação ou outra, fugiu-me sempre. Cheguei a considerar ler outra tradução a que tive acesso, mas a verdade é que emperrei nas primeiras páginas. Pude agora, finalmente, ler As Flores do Mal na tradução pretendida.
E, de facto, pude confirmar os méritos desta obra e do seu autor (bem como do tradutor, que também assina uma belíssima introdução) - tão sobejamente conhecidas para quem se interessa por poesia, e que os tornam marcantes na história da literatura.
Fiquei encantado com a presença do sórdido ou mesmo do abjeto nos poemas baudelairianos - o "escarro", o "estupro", a "podridão", a "imundície", a "ignomínia", etc., são termos algo frequentes -, o que revela um olhar desencantado (realista?) sobre a realidade. Por outro lado, esta obra revela-nos o cosmopolitismo parisiense (visível, por exemplo mas não apenas, nos "Quadros Parisienses"), o relativismo moral e de certos valores (a beleza que esconde ou ignora a sua própria corrupção, ), os veículos de evasão da realidade (o álcool e o haxixe, mas também a sensualidade, o prazer), o Tédio (ou mal estar existencial ou spleen), o papel do poeta (desajustado, rejeitado, incompreendido), a degradação do mundo (no poema "Um cadáver", o poeta descreve um corpo em decomposição - pútrido, asqueroso, infecto - e constata que esse será o fim do corpo da amada).

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