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A leitura de "Gaveta do Fundo" deu-me um tremendo prazer. Se já conhecia o autor, e dele já lera alguns poemas isolados, este foi o seu primeiro livro que li integralmente, ficando com vontade de explorar mais profundamente a sua poesia.
Neste seu último livro, o autor toca os tema da poesia (a resistência, insistência ou necessidade da poesia), da infância e dos animais, da natureza silvestre (as flores, os rios, as aves, o vento), mas também de um mundo rural ameaçado (desprezado, despovoado): as suas procissões e vivências (as diferentes prioridades - a chuva que tarda em vir, a saúde dos animais, etc.), a lavoura ao abandono, a sua população envelhecida.
Os poemas caracterizam-se por uma linguagem cuidada, sensível, por vezes sarcástica ou magoada, como se pode ler, por exemplo, no poema "Fechou a escola em Grijó", II: «(...) O senhor ministro das Finanças está contente, / porque poupa meia dúzia de euros / com a violenta trasfega das crianças. // Mas está triste Grijó, porque já não ouve / as suas aves da manhã a caminho da escola / - e por isso pode dizer-se que a aldeia encolheu, (...)».
Alguns poemas deste livro e autor podem ser lidos em www.poemapossivel.blogspot.pt
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