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Na verdade é um livro excelente, mesmo muito bom - sim, a minha voz não se distancia do coro de "laudamus te". É uma obra a muitos títulos fantástica, pela inteligência minuciosa da escrita, que se perde em detalhes sem muitas vezes enfrentar o quadro mais geral, mas também pelo seu caráter aberto no que respeita ao enredo: este não apenas não responde inequivocamente a todas as "dúvidas" razoáveis do leitor, como nem sempre apresenta claramente o nexo entre as várias peças do puzzle.
A obra divide-se em cinco partes, que, apesar de conexas (e julgo que a piada é mesmo a teia de conexões, nem sempre imediatas e que por vezes extravasa para outros livros do autor), têm um certo grau de independência; aliás, o autor, compreendo estar próximo da morte, terá dado instruções para se publicarem as partes separadamente, para assim se garantir melhor o sustento da família.
A primeira parte desenvolve-se em torno de um grupo de académicos europeus, estudiosos da obra de Benno von Archimboldi, escritor obscuro, de biografia incerta, propositadamente omissa; após algumas tentativas pouco frutíferas para saberem mais sobre o escritor, recebem a dica que o mesmo poderá estar no México, em Sonora, local onde têm ocorrido assassinatos em série de mulheres; para lá se dirigem e aí conseguem, sem ir mais longe, chegar ao nome de um alemão, provavelmente o tão procurado autor. A segunda parte segue a vida de um académico mexicano, igualmente estudioso de Archimboldi, e que na primeira parte ajuda os companheiros europeus. A terceira parte segue um jornalista negro destacado para Sonora para cobrir um combate de boxe; aí conhece alguns estranhos personagens, acaba por se interessar pelo caso das mulheres assassinadas e visita na cadeia o potencial autor (um alemão). Uma grande travessia do deserto: talvez possa sintetizar assim a quarta parte, a mais longa. Trata-se de um minucioso arrolamento da descoberta das mulheres assassinadas de Sonora desde 1993, e investigações desenvolvidas, que conduzirão à prisão de uma empresário alemão. Por fim, a quinta e última parte segue a vida de Hans Reiter (nomeadamente o seu percurso militar durante a Segunda Guerra Mundial) e o seu início como escritor.
O livro é rico, a escrita de Bolaño convidativa. Talvez não chamasse a esta uma obra-prima, pelo simples facto de a achar algo imperfeita (ainda que se pudesse contrapor o argumento - em todo o caso válido - que toda e qualquer obra é por inerência imperfeita, que a perfeição é um ideal ou uma miragem); mas talvez não seja correto encontrar imperfeição nesse caráter aberto que referi acima - afinal, parece ser um pouco característico do universo do autor chileno, que, aliás, tenciono continuar a explorar.
A obra divide-se em cinco partes, que, apesar de conexas (e julgo que a piada é mesmo a teia de conexões, nem sempre imediatas e que por vezes extravasa para outros livros do autor), têm um certo grau de independência; aliás, o autor, compreendo estar próximo da morte, terá dado instruções para se publicarem as partes separadamente, para assim se garantir melhor o sustento da família.
A primeira parte desenvolve-se em torno de um grupo de académicos europeus, estudiosos da obra de Benno von Archimboldi, escritor obscuro, de biografia incerta, propositadamente omissa; após algumas tentativas pouco frutíferas para saberem mais sobre o escritor, recebem a dica que o mesmo poderá estar no México, em Sonora, local onde têm ocorrido assassinatos em série de mulheres; para lá se dirigem e aí conseguem, sem ir mais longe, chegar ao nome de um alemão, provavelmente o tão procurado autor. A segunda parte segue a vida de um académico mexicano, igualmente estudioso de Archimboldi, e que na primeira parte ajuda os companheiros europeus. A terceira parte segue um jornalista negro destacado para Sonora para cobrir um combate de boxe; aí conhece alguns estranhos personagens, acaba por se interessar pelo caso das mulheres assassinadas e visita na cadeia o potencial autor (um alemão). Uma grande travessia do deserto: talvez possa sintetizar assim a quarta parte, a mais longa. Trata-se de um minucioso arrolamento da descoberta das mulheres assassinadas de Sonora desde 1993, e investigações desenvolvidas, que conduzirão à prisão de uma empresário alemão. Por fim, a quinta e última parte segue a vida de Hans Reiter (nomeadamente o seu percurso militar durante a Segunda Guerra Mundial) e o seu início como escritor.
O livro é rico, a escrita de Bolaño convidativa. Talvez não chamasse a esta uma obra-prima, pelo simples facto de a achar algo imperfeita (ainda que se pudesse contrapor o argumento - em todo o caso válido - que toda e qualquer obra é por inerência imperfeita, que a perfeição é um ideal ou uma miragem); mas talvez não seja correto encontrar imperfeição nesse caráter aberto que referi acima - afinal, parece ser um pouco característico do universo do autor chileno, que, aliás, tenciono continuar a explorar.
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