Visite-nos em https://www.facebook.com/leiturasmil.blogspot.PT |
Não sei se é muita justa (ou sequer muito favorável) a criação por parte da crítica (com a consequente e rasteirinha reprodução pelas editoras para fins comerciais) de epítetos como "o Philip Roth inglês". Podemos questionar todos os rótulos, mas há alguns que colam apesar de falsearem a realidade. Julgo que o único ponto de Howard Jacobson (e deste A Questão Finkler, único livro que li do autor) em comum com Roth será o debruçar-se sobre a comunidade judaica e sobre as suas questões identitárias.
Dito isto, penso que Howard Jacobson tem uma voz própria, bem como um estilo de escrita próprio (pelo menos muito diferente do de Roth, que continuo a considerar um dos mais notáveis), que não deixa de fazer alguma reverência a (ou estar um pouco em linha com) um certo humor british (deixem passar o estrangeirismo) - na tradição, eventualmente, de um Wilt, de Tom Sharpe, mas sem cair tão verticalmente [no vício - desculpem esta intromissão da poesia cesariniana] no nonsense.
Neste seu livro, que recebeu alguma atenção na altura em que foi publicado (especialmente por ter sido premiado com o Booker Prize), Jacobson joga com os estereótipos existentes no Ocidente em relação aos judeus, tanto as sobrevivências de pendor negativo (xenófobas, raciais, religiosas) como outras mais neutras. Julian Treslove é um tipo melancólico de meia idade, algo pesaroso quanto ao seu passado, presente e futuro, relativamente frustrado profissional, amorosa e pessoalmente. Ao ser assaltado por uma mulher, que eventualmente lhe terá chamado "judeu", Treslove vai questionar a sua identidade e tentar encontrar no "ser judeu" uma resposta para os seus anseios enquanto sofredor. O autor toca ainda nas delicadas questões do disfarçado antissemitismo sobrevivente (e mesmo crescente) nas sociedades ocidentais, da exploração excessiva (para justificar determinadas atitudes ou para vitimização e culpabilização de outros) do Holocausto pelos judeus e das atitudes de Israel para com os palestinianos.
A Questão Finkler parece-me, pois, um livro bem escrito, original e bastante consistente, o que me faz ter alguma curiosidade em ler mais alguma coisa deste autor no futuro.
Dito isto, penso que Howard Jacobson tem uma voz própria, bem como um estilo de escrita próprio (pelo menos muito diferente do de Roth, que continuo a considerar um dos mais notáveis), que não deixa de fazer alguma reverência a (ou estar um pouco em linha com) um certo humor british (deixem passar o estrangeirismo) - na tradição, eventualmente, de um Wilt, de Tom Sharpe, mas sem cair tão verticalmente [no vício - desculpem esta intromissão da poesia cesariniana] no nonsense.
Neste seu livro, que recebeu alguma atenção na altura em que foi publicado (especialmente por ter sido premiado com o Booker Prize), Jacobson joga com os estereótipos existentes no Ocidente em relação aos judeus, tanto as sobrevivências de pendor negativo (xenófobas, raciais, religiosas) como outras mais neutras. Julian Treslove é um tipo melancólico de meia idade, algo pesaroso quanto ao seu passado, presente e futuro, relativamente frustrado profissional, amorosa e pessoalmente. Ao ser assaltado por uma mulher, que eventualmente lhe terá chamado "judeu", Treslove vai questionar a sua identidade e tentar encontrar no "ser judeu" uma resposta para os seus anseios enquanto sofredor. O autor toca ainda nas delicadas questões do disfarçado antissemitismo sobrevivente (e mesmo crescente) nas sociedades ocidentais, da exploração excessiva (para justificar determinadas atitudes ou para vitimização e culpabilização de outros) do Holocausto pelos judeus e das atitudes de Israel para com os palestinianos.
A Questão Finkler parece-me, pois, um livro bem escrito, original e bastante consistente, o que me faz ter alguma curiosidade em ler mais alguma coisa deste autor no futuro.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Obrigado pelo seu contributo. O seu comentário será publicado em breve.