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Não é difícil de reconhecer que Invenção do Problema, de Luís Adriano Carlos (editado originalmente em 1986), se trata de um único poema, constituído por cinquenta e duas estrofes (décimas) decassilábicas, que se vão graciosa e inteligentemente encadeando - o final de cada estrofe fornece, ainda que não textualmente, o início da seguinte.
Há nesta obra uma admirável depuração e um apurado trabalho na escolha de cada palavra. Nas palavras de Américo Oliveira Santos, de um texto que serve de posfácio (a par de um segundo da autoria de Vera Lúcia Vouga), «O texto exige uma qualidade raríssima: a de aliar a extrema densidade de sentido e de agenciamento temático à leveza prodigiosa da enunciação».
No tema reside, a meu ver, uma espécie de jogo: a "invenção do problema" é simultaneamente uma busca, uma reflexão de cariz quase metaliterária, mas também um artifício inteligente. O tema da invenção e do problema aberto, sem contornos definidos e, logo, infinito. Assim, a retórica presente nos versos de Adriano Carlos, que em alguns momentos chega a ser assertiva (quase tautológica), é um recurso literário - uma "invenção" para o "problema" da invenção do problema.
Podem ler-se alguns poemas desta obra em poemapossivel.blogspot.pt
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