quarta-feira, 11 de junho de 2014

"O Retrato do Sr. W.H.", de Oscar Wilde

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«Nenhum homem morre por algo que sabe ser verdade. Os homens morrem por aquilo que pretendem ser verdadeiro, pelo que o terror nos seus corações lhes diz não ser verdade.» (in O Retrato do Sr. W.H.)
Neste O Retrato do Sr. W.H, Oscar Wilde mistura, com uma inegável mestria, ficção e ensaio. Pouco tempo depois de ter lido O Crime de Lorde Arthur Savile, de características muito diferentes (nomeadamente no tipo de escrita), consegui encontrar nesta novela mais razões para apreciar este autor.
A história deste livro constrói-se em torno de uma teoria literária - neste caso, uma mera construção intelectual - sobre o misterioso dedicatário (Sr. W.H.) dos sonetos de William Shakespeare... Para mim, o interesse deste livro reside, mais do que as questões relativas à interpretação dos sonetos shakespeareanos (que Wilde trata pormenorizadamente, detendo-se, por exemplo, em extensas citações dos sonetos no segundo capítulo), no modo como Wilde reflete sobre as ideias de falsificação - o tal retrato forjado de um deduzido jovem ator chamado Willie Hughes - e de teorização. Neste caso, o tratamento feito por Oscar Wilde da questão referida fez-me refletir sobre o modo como se edificam as chamadas "teorias da conspiração" e outras similares, que - à falta de provas concretas, racionais, sólidas, verificáveis - se servem de argumentos como "a falta de provas é em si mesma uma prova" (!), forçam a informação (omitindo certos factos, sublinhando aspetos acessórios, etc.) ou forjam dados (quando se chega a este patamar estamos perante o caráter fundamentalista, por vezes fanático, de tais "teses")... Outros aspetos que apreciei foram os câmbios entre crença e descrença dos dois personagens principais (o narrador e o seu amigo Erskine), e o modo como se levaram as conjeturas teóricas até ao limite do aceitável, do verosímil, do sensato e racional...

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