sexta-feira, 21 de março de 2014

"A Peste Escarlate" de Jack London

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Neste planeta, o homem domesticou os animais úteis e destruiu os nocivos. Desbravou a terra, desembaraçou-a da vegetação selvática. Depois, um dia, desaparece, e a onda da vida primitiva reflui sobre ele, varrendo a obra humana.

Num abrir e fechar de olhos, dez mil anos de cultura e de civilização se desfizeram como a espuma. (in A Peste Escarlate)
De Jack London posso dizer que marcou a minha juventude enquanto leitor; a sua escrita escorreita e o caráter aventureiro das suas narrativas contribuíram para que, nesse período, lesse alguns dos seus livros mais revelantes. Cheguei agora, ao fim de vários anos, a este A Peste Escarlate (publicado em 1912), história de quase ficção científica que descreve uma epidemia, extremamente mortífera e contagiosa, surgida em 2013 que se propagou com grande rapidez e praticamente dizimou a humanidade e a civilização... (Ao ler a sinopse na contracapa, antes mesmo de iniciar a leitura, não pude deixar de me lembrar dos não muito longínquos alarmes de pandemia que povoaram os nossos noticiários.)
London coloca na voz de um velho professor universitário, de 87 anos, o relato aos seus netos desse flagelo que atingiu o mundo sessenta anos antes e da sua improvável sobrevivência. Este personagem descreve o caos vivido nas cidades, a paralisia nos transportes e nos abastecimentos, o eclodir de uma onda de pilhagens e violência, a quebra das redes de solidariedade, a fuga para o campo, enfim, a disseminação da peste, o colapsar da sociedade... No ano de 2073, em que decorre a ação, apesar dos vestígios da anterior civilização, os homens vivem em bandos de características primitivas (vivem da caça e da pastorícia, vestem-se de peles, perderam o domínio de grande parte das tecnologias...); a Natureza, entretanto, conquistara terreno, «varrendo a obra humana», a linguagem empobrecera... O velho, ao encerrar o seu relato, diz que, de certo modo, a humanidade está condenada a reorganizar-se civilizacionalmente, até que uma nova onda de aniquilação atue...
Um livro que, ainda que não sendo uma obra fundamental (mesmo dentro da obra do autor), se lê com agrado.

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