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Após a leitura da biografia de D. Dinis, urgia, até para encerrar a primeira dinastia, avançar para a biografia de seu filho e sucessor, D. Afonso IV.
O livro da autoria de Bernardo Vasconcelos e Sousa está dividido em 12 capítulos relativamente equilibrados (de dez a quarenta páginas), cronologicamente organizados; é, tanto em termos de linguagem, como em termos estruturais, um texto escorreito, claro, objetivo e, assim, agradável de ler.
Como é comum nos trabalhos historiográficos atuais, a obra inicia-se com uma revisão sobre o que se escreveu sobre o biografado, chamando a atenção para o facto do reinado afonsino ter ficado um pouco ofuscado pelos dos prestigiado D. Dinis e carismático D. Pedro, e talvez excessivamente marcado pelo episódio relativo à execução de D. Inês de Castro. Refere ainda que, apesar dos vários estudos concernentes a D. Afonso IV e ao seu longo reinado de 32 anos, não existir qualquer biografia (no sentido moderno do tempo) dedicada a este rei.
Nos vários capítulos da obra, Vasconcelos e Sousa aborda a infância, juventude e casamento de D. Afonso, além dos seus conflitos com os seus meios-irmãos, bastardos de D. Dinis; o conflito que o opôs a seu pai e que levou à guerra civil (ressalta aqui o espírito truculento do ainda infante; curiosamente, o seu reinado conhecerá igualmente um período de guerra civil, envolvendo de igual modo o herdeiro da coroa); a ascensão ao trono e o ajuste de contas com os seus meios-irmãos (um deles justiçado como traidor); a sua ação legislativa e administrativa (interferindo, por exemplo, em questões da administração concelhia ou de moral); a sua atuação (de enfrentamento) face ao poder senhorial e sua prerrogativas (no sentido da afirmação da supremacia régia); a conjuntura de crise em que decorre o seu reinado (maus anos agrícolas e fomes, Peste Negra, guerras com Castela, escassez de metais preciosos, falta de mão-de-obra, conflitualidade social, etc.); o papel político dos Castros no xadrez político peninsular, a execução de D. Inês de Castro (dama com quem D. Pedro mantinha uma relação extraconjugal, da qual haviam resultado vários filhos) e a consequente guerra civil; as relações diplomáticas com os reinos vizinhos (e em especial com Castela); a sua participação na Batalha do Salado contra os muçulmanos; as relações comerciais do reino e o interesse pelo mar; e finalmente, as determinações constantes no seu testamento e a sua morte.
Considerando as biografias régias que me faltam ler, tenho para mim que as próximas leituras serão sequenciais; assim sendo, a próxima a ler - muito brevemente - é a dedicada a D. Afonso V.