terça-feira, 22 de novembro de 2016

"Um dia na vida de Ivan Denisovich", de Alexandre Soljenitsin

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Instigado pela leitura de O Ruído do Tempo, de Julian Barnes, decidi trazer este pequeno livro para casa. Publicado originalmente em 1962, numa altura de desestalinização na União Soviética de KrushchevUm dia na vida de Ivan Denisovich é um livro-chave na história da literatura soviética, por constituir uma denúncia ao sistema concentracionário estalinista; autorizado diretamente pela cúpula do poder, este livro mostrou uma realidade anteriormente escondida, abafada pelo poder, que Soljenitsin vivenciou.
O título acaba por sintetizar o enredo: esta obra de Soljenitsin (a primeira que li do autor, aliás) aborda a questão da sobrevivência individual durante um dia num campo de trabalho, ambiente propositadamente opressivo e duro (marcado pela precariedade alimentar, pelas temperaturas negativas, pelos trabalhos pesados, pela rigidez regimental e disciplinar), em que a vida humana tinha pouco valor: «Ninguém se importaria que um zek [prisioneiro] morresse enregelado. Mas... se ele se evadisse?»
Pela proximidade das leituras, acabei por encontrar pontos em comum com o livro de Barnes: se o Shostakovich ficcional (e presumivelmente o real) lia discursos escritos pelo poder em seu nome (que iam contra as suas convições), na obra de Soljenitsin o personagem central, Ivan Denisivich, esteva preso por assinar uma confissão forjada - assumiu estar a fazer espionagem para os nazis, quando na verdade se evadira de um campo nazi... Era isso ou ser morto.
Literariamente não achei esta esta obra particularmente cativante; o enredo, contudo, é motivo bastante para o ler. Senti-me, assim, convidado a conhecer outras obras do autor, nomeadamente Arquipélago Gulag (dentro da mesma temática) e O Pavilhão dos Cancerosos.

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