domingo, 13 de novembro de 2016

"A cabeça perdida de Damasceno Monteiro", de Antonio Tabucchi

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Porque regressei a este livro, que recordava não ser um dos mais interessantes do autor? Em boa verdade, porque o vejo todos os dias, lado a lado com outros volumes de bolso. Tabucchi tem uns quantos livros interessantes: ainda que os tenha lido há longo tempo, e apenas uma única vez, guardo boa impressão de Noturno Indiano ou Afirma Pereira; além disso, e graças à adaptação cinematográfica de Alain Tanner, trago comigo a vontade de um dia ler o seu Requiem).
Não sei se se poderá chamar a este A Cabeça Perdida de Damasceno Monteiro um romance policial, até porque não seguimos uma investigação policial ou detetivesca, mas somente jornalística. A história constrói-se em torno de Firmino, um jornalista de um pasquim sensacionalista (especializado em crimes de sangue, escândalos, etc., sobretudo dirigido para as massas e, consequentemente, para o que vende), enviado ao Porto para aprofundar a historia de Damasceno Monteiro, cujo cadáver havia sido encontrado sem cabeça num baldio. A investigação, há que dizê-lo, não é propriamente empolgante; Firmino vai conduzido a sua investigação através dos dados que lhe vão chegando de várias fontes, e alimentando o seu jornal com notícias ricas em juízos de valor e ideias feitas, bem ao gosto do público-alvo.
Se o personagem principal, Firmino, não é propriamente fascinante (ainda que seja curiosa a sua ambivalência intelectual: apesar de estar a empreender um estudo académico sobre o romance neorrealista português nos anos 50, assume a ficção científica como o seu género literário favorito), o advogado "Lóton" é um pouco mais cativante. De raízes aristocráticas, este advogado é literariamente culto (citando vários autores) e revela interesses muito peculiares; além disso, debruça-se especialmente sobre os casos dos mais desprotegidos e desfavorecidos na sociedade.
Seguramente que este não é um livro essencial, inclusivamente dentro do conjunto da obra do seu autor; ainda assim, é agradável de ler, bem escrito e com algum humor.

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