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«Olhos azul-cinzentos do avô, corpo de ginasta romena, feições de esposa sensível de violinista sensível, mãos que deviam segurar o pénis como se fosse a flauta mágica de Mozart.» (in Os Mares do Sul)
Não sou um leitor muito assíduo de policiais; ainda assim, de quando em quando é agradável (bem sei que este é um adjetivo algo insosso) ler um. Não considero ser menor o género - até porque há casos (e a isto voltarei) literariamente muito ricos -, mas simplesmente não é dos que prefiro. Entretanto, há já alguns anos que, por recomendação paterna, colocara na minha "agenda" dois autores: Montalbán e, de forma mais carregada, Simenon.
Eis-me chegado a Montalbán, via Os Mares do Sul (Simenon ficará para breve, eventualmente). Trata este livro da investigação de Pepe Carvalho - detetive caricato, amante do bem comer e bem beber, algo mordaz e frequentemente rude - em torno do último ano de vida do empresário Stuart Pedrell, que entretanto aparecera assassinado num descampado.
Mais interessante, para mim, do que a história (bem) construída (mas não particularmente entusiasmante) por Montalbán é a sua forma de escrever: desde logo, cheia de remoques literários - menciona Raymond Chandler, Agatha Christie, Hemingway, T. S. Eliot, Melville, etc. -, e culturais - refere, por exemplo, a quarta sinfonia de Mahler, o Microcosmos de Béla Bartók ou o cineasta Alain Resnais; por outro lado, é uma escrita com um tipo de humor que combina bem com uma certa rudeza que encontro no personagem principal.
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