terça-feira, 12 de julho de 2016

"Cinco Esquinas", de Mario Vargas Llosa

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Há quem critique este Llosa octogenário, e repute de menor este seu "estilo tardio". Poderá, de facto, acontecer que os últimos romances de Vargas Llosa já não tenham a pujança de outros mais antigos; julgo, no entanto, que é um manifesto exagero dizer que não têm qualquer interesse, e que Llosa já não deveria escrever. A verdade é que é fácil criticar um autor consagrado, quando os seus romances perderam algum do seu fulgor; mas, admitindo (de novo) que os seus romances tardios possam não ser tão originais e marcantes como o foram outrora (A Casa Verde, Conversa na CatedralA Festa do Chibo, entre outros), acho tremendamente injusto questionar porque é que o autor ainda escreve...
Um autor com oitenta anos escreverá, suponho, porque gosta de escrever, porque ainda sente vontade de comunicar qualquer coisa, porque sente necessidade de o fazer; assim, talvez não seja tão importante a procura de originalidade, de novas fórmulas narrativas ou de estilo; talvez seja mesmo compreensível que o autor seja menos profundo, ou não procure mais do que contar bem uma boa história.
Na minha opinião, este Cinco Esquinas consegue isso de forma razoável: contar bem uma boa história. De acordo, não é o enredo mais elaborado; há aqui um ou outro aspeto algo redondos demais; certo, Llosa revisitou algumas das fórmulas já por si utilizadas (penso, por exemplo, no caso da sucessão de diálogos entrelaçados do vigésimo capítulo; ou na reutilização do tema da chantagem e do jornalismo de sarjeta). Mas poder-se-á afirmar que é um livro mal escrito, sem qualquer graça, sem ritmo, sem alma? Na minha visão, não se poderá afirmar tal. Este "estilo tardio" de Llosa ainda se lê muitíssimo bem, melhor mesmo que muitos dos "novos" (alguns já não assim tão novos) "talentos" tão aclamados pela crítica nacional...
Neste pequeno texto, que basicamente tem em conta o que previamente lera sobre o livro, não me debruçarei sobre o enredo. Direi somente que é razoavelmente interessante, com algum picante (mas sem exageros), humor e crítica social e política (tendo como pano de fundo o Peru nos anos noventa, durante a governação de Fujimori).

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