sexta-feira, 22 de julho de 2016

"O Castelo dos Destinos Cruzados", de Italo Calvino

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noutro texto escrevi que Calvino é um autor que me é muito caro. Não raramente evoco as suas obras Palomar Se numa noite de Inverno um viajante quando me quero referir a uma escrita que brinca e experimenta, sem quebrar totalmente as normas como, por exemplo, Joyce fez (em especial em Finnegans Wake).
O Castelo dos Destinos Cruzados, não sendo das obras mais relevantes de Calvino, é, ainda assim, curiosa. O autor serviu-se de dois baralhos de tarot para montar dois esquemas de histórias cruzadas (sendo que o primeiro é mais conseguido e perfeito, pois se conseguem harmonizar todas as sequências num mesmo esquema geral), tendo como pano de fundo uma fabulosa Idade Média (fabulosa na medida em que inclui toda uma panóplia de aspetos fantásticos, mágicos, simbólicos, míticos). Sim, escrevi "esquemas" porque, na verdade, esta pequena obra de Calvino é um exercício de escrita esquemática: parte-se de uma sequência de cartas para, a partir dela, se inferir uma história (interpretada a partir das cartas, uma vez que os vários personagens estão tomados por um incompreensível mutismo), sequência essa que por sua vez se vai articular com uma nova sequência/história.
Ainda por vezes rígida (quando se associa quase sempre o naipe de paus à existência de uma floresta), esta esquematização resulta bastante bem, sobretudo se se considerar a inteligência do autor na criação de cenários criados e nas múltiplas intertextualidades.
Não sendo uma obra obrigatória do autor, ainda assim, passei bons momentos ao lê-la.

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