segunda-feira, 9 de novembro de 2015

"A Família", de Mario Puzo

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Não tenho muito a dizer sobre este livro. Ou, posto de outra forma, não me agradou. Admito que A Família possa não fazer justiça à escrita de Mario Puzo - afinal, o autor não terminou esta obra, tendo a mesma sido completada pela sua companheira Carol Gino (sem que seja possível saber até onde vai a extensão da coautoria).
Em todo o caso, Puzo, consagrado autor de histórias de máfia, embrenhou-se na sensacionalista saga (palavra que o marketing editorial passou a usar - e abusar - nos últimos anos como se tal etiqueta fosse garante de alguma coisa que não fastfood literário - perdoem-me a violência deste comentário) dos Bórgia, família que marcou a vida da Itália renascentista. Ambição, poder, corrupção, ganância, violência, luxúria, incesto: eis os ingredientes (os ingredientes certos para a produção em série de bestsellers - ou, como o colocou Alexandre O'Neill numa das suas crónicas, de "bestas céleres") da história desta família, que segundo a informação do posfácio fascinavam Puzo. A linguagem simples (monotonamente simples), as tiradas "pedagógicas" (para o leitor pouco familiarizado com a cultura renascentista não se perder), a prevalência da ação e dos diálogos fazem com que A Família seja fácil de ler (qual série televisiva, procura-se sempre prender o leitor de um capítulo para o seguinte, ora com uma intriga, com uma suspeita, com uma pontinha de sangue) - fácil a um nível demasiado primário, receio bem. Literariamente, é um obra bastante pobre. 
(Um aparte curioso, como exemplo das imprecisões históricas que o livro também contém: dificilmente um personagem de finais do século XV, inícios de XVI poderia apreciar um "vinho do Porto" - é que tal produto de excelência só terá surgido um século mais tarde...).
Apesar desta leitura frustrada, conto no futuro dar uma oportunidade ao autor. Sabendo que este não é um livro terminado, apurado, polido pelo autor (e, simultaneamente, que teve mão alheia), é arriscado colocar um anátema sobre Mario Puzo. Este livro em concreto, no entanto, parece-me a evitar.

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