quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

"A Papoila e o Monge", de José Tolentino Mendonça

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O silêncio tende a soterrar o pensamento / mas também dele / o pensamento vive (in A Papoila e o Monge)
Uma coisa é certa: A Papoila e o Monge conseguiu reaproximar-me da poesia. Há uns tempos atrás entrei numa livraria e tentei ler o novo livro de José Tolentino Mendonça; porém, às primeira páginas não consegui prosseguir. Esta obra, que reúne mais de uma centena de haikus (forma poética de origem japonesa composta por três versos), é por si mesma um convite ao silêncio (os primeiros trinta poemas desenvolvem-se precisamente em torno do tema do silêncio) - ou, posto de outra forma, um convite a uma leitura pausada, desfrutada, refletida. Então, inesperadamente, uma amiga ofereceu-me este livro.
Tolentino Mendonça é uma personalidade literária que muito me agrada, como já tive oportunidade de escrever; considero a sua poesia bastante singular no panorama português, por isso é sempre com alguma expetativa que acolho os seus livros mais recentes. Nos kaikus de A Papoila e o Monge, além do silêncio, são evocados o sentimento religioso (o recolhimento do monge, o sentido do peregrino), a deambulação e a abertura ao que nos rodeia (a contemplação, a capacidade de nos deleitarmos).
Os poemas de Tolentino Mendonça, no espírito da melhor tradição na escrita de haikus (ao que julgo saber), são bastante elegantes, contidos, quase frágeis (como o são, aliás, todos os homens e todas coisas do mundo...); neles não é difícil descortinar a sensibilidade e delicadeza expressiva que tanto aprecio na escrita do autor. Uma obra que, portanto, me agradou sobremaneira, e que muito recomendo.

1 comentário:

  1. Alguns poemas deste livro e autor podem ser lidos em http://poemapossivel.blogspot.pt/

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