quarta-feira, 16 de outubro de 2013

"Artigo 22", de Joseph Heller

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O que posso escrever sobre Artigo 22 (ou Catch 22)? Que o li sem qualquer referência prévia, e, por isso mesmo, sem quaisquer preconceitos. Tanto o autor como este título (assumo a ignorância) me eram desconhecidos até há poucos dias. Se me agradou? Inicialmente sim; porém, aos poucos, o interesse foi-se diluindo...
Artigo 22, constituído por constantes avanços e recuos, repetições e mudanças de perspetiva, retrata um esquadrão de bombardeiros da Força Aérea dos Estados Unidos, sediado numa ilha ficcional do Mediterrâneo (Pianosa), durante o avanço aliado em Itália na Segunda Guerra Mundial. Ainda que a narrativa se centre no capitão John Yossarian (que permanentemente procura furtar-se ao perigo das missões aéreas), muitos são os personagens (com personalidades mais ou menos vincadas) que perpassam pelo livro - Milo Minderbinder, Coronel Cathcart, Doutor Daneeka, Capelão Tappman...
Este é um romance humorístico ou satírico, com muito (talvez demasiado) nonsense. Ao longo das suas páginas é clara a crítica ao excessivo formalismo militar (apresentado como sem sentido, ou obedecendo a princípios que nada têm que ver com os objetivos que se propõem servir), à burocracia pouco eficiente, à falta de equidade ou justiça de algumas decisões, à ganância e até imoralidade do capitalismo (personificadas em Milo que, absurdamente, obedecendo a um lógica meramente centrada no lucro, não se coíbe em fazer negócios com o inimigo). A questão da sanidade mental (ou a falta dela - ou ainda a insanidade inerente à própria guerra) anda sempre presente.
O que menos me agradou no livro, e que explica a minha perda de interesse ao longo do avanço no mesmo, é precisamente o tipo de humor, ou melhor,  o seu tom exagerado, patético, ou tendente à "piadinha" (por exemplo, o facto de Milo ser presidente de câmara de Palermo, califa de Bagdad, entre outras coisas... - em vez de acrescentar piada, a meu ver, retira-a). Outro aspeto que me desagradou prende-se com a evolução da história: esta, ainda que avance, desenvolve-se sempre num mesmo tom, morninho, morninho, sem conhecer um clímax...

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