quinta-feira, 25 de abril de 2013

"A Vida Amorosa no Antigo Egipto. Sexo, Matrimónio e Erotismo", de José Miguel Parra Ortiz

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 Enquanto interessado em História, gosto de ler bons livros, que não sejam excessivamente académicos, nem caiam em meras generalidades. Ao iniciar a leitura de "A Vida Amorosa no Antigo Egipto", de José Miguel Parra Ortiz, tinha alguma expetativa (em parte gerada pela leitura da poesia amorosa egípcia), ainda que o autor trate logo, na introdução, de avisar que o seu texto se suporta em poucos e frágeis indícios. Bom sinal, à partida, este reconhecimento honesto.
Ao entrar nos vários capítulos, porém, e apesar de alguns aspetos curiosos e fidedignos, o livro começa a revelar a sua verdadeira essência: abundam raciocínios forçados (interpretações muito subjetivas no sentido que interessa ao autor, quando outras há muito mais pacíficas - há, assim, um ajuste da realidade a uma determinada interpretação) e extrapolações a partir do presente (ainda que algumas possam ser admissíveis, carecem de fundamentação sólida; afinal vários milhares de anos nos separam dessa civilização...), o que - mesmo que num livro para massas - é lamentável.
Como deve ser classificada (se não de ilusionismo assente em diminuta crítica de fontes) a conclusão de que o roubo de um cinzel pode revelar um comportamento fetichista?!? Se, como o autor de quando em quando nos lembra, há pouca informação sobre a intimidade e sobre os comportamentos sexuais dos egípcios, porque é que decidiu abordar os "desvios sexuais" dessa civilização? Apenas porque é um tema "quente", que pode interessar ao leitor comum? Isso justificará as extrapolações sem a existência de indícios minimamente sólidos? Nisto, penso eu, o livro falha redondamente, pois cede a um certo "sensacionalismo" barato (o que as pessoas querem ler) e nem sempre me parece honesto intelectualmente (o autor devia reconhecer com mais veemência a fragilidade das suas conclusões; o mais correto seria mesmo abandonar as conclusões que pecam por falta de sustentabilidade).
Julgo que esta obra podia resultar interessante, se, afastado o joio, se reduzisse a dimensão do texto e com isso se aumentasse a sua verdade. Uma obra de divulgação que cientificamente é pouco rigorosa não me parece um bom serviço ao conhecimento.

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