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Outro autor que se descobre: Saul Bellow; ou, poderia dize-lo alternativamente, outro autor que veio para ficar. Conhecia-o de nome, nomeadamente associado ao de Philip Roth (como um espécie de autor referência), mas como me acontece com tantos outros autores, nunca sentira uma especial curiosidade em explorar as suas obras. Não vou alongar-me a explicar como é que cheguei a Bellow (na verdade, tal contacto não tem muita história), mas somente dizer que foi um feliz encontro.
Como o próprio título indica, esta obra (um romance de formação, à imagem de, por exemplo, Retrato do Artista Quando Jovem, de James Joyce) trata das aventuras e desventuras (os amores e - aproveitando a oposição anterior - e desamores, os mil e um expedientes - nem sempre legais - e ofícios, etc.) de Augie March, durante a sua adolescência até à primeira idade adulta, numa fase particularmente marcante da história dos Estados Unidos da América, que se estende dos anos de prosperidade que antecedem a Grande Depressão até à Segunda Guerra Mundial (e mesmo um pouquinho depois). A "formação", acima mencionada, refere-se ao processo de amadurecimento e de autodescoberta de Augie, uma peregrinação neste caso feita de saltos e adaptações constantes mas também de instabilidade e dificuldade em dar rumo à vida.
Há neste livro muitos aspetos paradigmáticos da cultura americana das primeiras décadas do século vinte: uma certa multiculturalidade enraizada nas várias origens de muitos dos personagens (imigrados de diferentes pontos da Europa e América do Sul); uma certa pobreza (não miserável, é certo) associada aos bairros das classes populares; o dinamismo da economia e do mercado laboral americanos (o que ajuda a explicar os permanentes saltos laborais de Augie); a cultura da perseverança e da adaptabilidade constante (a novos empregos e situações - aspeto, de certa forma, ligado ao conceito de "terra das oportunidades" -, a busca do lucro a qualquer - ainda que por via de "esquemas" -, etc.); entre muitos outros.
Há neste livro muitos aspetos paradigmáticos da cultura americana das primeiras décadas do século vinte: uma certa multiculturalidade enraizada nas várias origens de muitos dos personagens (imigrados de diferentes pontos da Europa e América do Sul); uma certa pobreza (não miserável, é certo) associada aos bairros das classes populares; o dinamismo da economia e do mercado laboral americanos (o que ajuda a explicar os permanentes saltos laborais de Augie); a cultura da perseverança e da adaptabilidade constante (a novos empregos e situações - aspeto, de certa forma, ligado ao conceito de "terra das oportunidades" -, a busca do lucro a qualquer - ainda que por via de "esquemas" -, etc.); entre muitos outros.
A escrita de Bellow tem, a meu ver, muito de cinematográfico, não apenas pela ação constante como pelo caráter imagético, colorido, pormenorizado e diversificado. Por tudo isto, penso que As Aventuras de Augie March é um livro extremamente rico, que se lê com muito agrado.
Reservo, para um próximo momento, a leitura de Herzog.
Reservo, para um próximo momento, a leitura de Herzog.