quarta-feira, 18 de setembro de 2013

"Noites Brancas - romance sentimental das memórias de um sonhador", de Fedor Dostoievski

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Eis uma obra que marcou uma certa fase da minha vida: Noites Brancas, "romance sentimental". Se não estou em erro, li esta novela (conjuntamente com O Jogador) antes de me lançar na descoberta das obras maiores de Dostoievski (antes também, portanto, de colocar este autor no meu "panteão" literário).
De que trata esta curta obra, escrita por Dostoievski antes de atingir os 30 anos? Trata do "sonhador", encarnado pelo narrador e personagem principal, um solitário com bom coração que ama deambular pela sua São Petersburgo enquanto observa os outros e lhes adivinha as vidas; um jovem excessivamente delicado, bastante ingénuo, sem qualquer sentido de ridículo, pouco adaptado à urbanidade pragmática das relações sociais; um caráter exageradamente honesto e sincero, propenso a descarregar o coração, em partilhar os seus sentimentos sem proceder a qualquer filtragem («Quando o meu coração fala, não sei calar-me»), disposto a sacrificar-se pelo outro; em suma: um ser "genuíno" (mas também, por isso mesmo, um ser exótico, inadaptado).
O encontro com Nástenka, uma jovem de dezassete anos, vai funcionar como o culminar da vida do nosso herói (esse encontro era há muito sonhado, desejado, esperado), mas igualmente como o abrir de novas perspetivas (anteriormente insuspeitadas ou tidas por impossíveis)... O destino dos dois personagens principais é baralhado - ainda que de formas díspares - pela presença do amor...
Dostoievski não é um autor romântico (no sentido literário e/ou estético do termo), mas em Noites Brancas o autor emprega magistralmente todos os tiques do sentimentalismo romântico (pense-se por exemplo no discurso expressivo e carregado de emotividade do narrador que, como nota Nástenka, fala de forma bela, "como quem lê um livro em voz alta"...); em certas passagens, porém, parece ridicularizar o exagero lamechas dos românticos («Vou sonhar contigo toda a noite, toda a semana, um ano inteiro»)...
Um livro que, mesmo se menor dentro do conjunto da obra do autor russo, ainda me encanta...

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