domingo, 16 de novembro de 2014

"O Mestre de Esgrima", de Arturo Pérez-Reverte

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Dedico a insignificância deste texto ao meu amigo Filipe, que me fez chegar a este livro.
 
Parti para O Mestre de Esgrima sem saber muito bem o que iria encontrar - sem ideias pré-concebidas, portanto. Li as três páginas que constituem o capítulo introdutório e antevi uma obra de aventuras, assente em intrigas, chantagens, espionagens, conspirações ou algo do género (a capa, ao que julgo, contribui um pouco para essa impressão). Na altura decidi reservar o livro para mais tarde, mas a ele acabei por regressar rapidamente.
Se é certo que este romance tem qualquer coisa de aventuroso, julgo que vai mais além (e simultaneamente, passe o paradoxo, fica mais aquém). A ação desenrola-se nas agitadas vésperas da revolução que deporia a rainha Isabel II de Espanha, e centra-se na figura de Jaime Astarloa, um conceituado mestre de esgrima com um agudo sentido de honra. Paira sobre este personagem uma aura de decadência, mas simultaneamente de genuinidade: afinal, ele vive da esgrima numa época em que o revólver se impôs como arma (nesta nossa sociedade ávida de novidades, as mais recentes tecnologias acabam por tornar antiquadas, obsoletas, desprezíveis aquelas que as precederam), e em que a sua arte - contra sua vontade e apesar da sua resistência - está a ser empurrada para o estatuto de mero entretenimento ou desporto burguês. Ainda que apegado às tradições, Astarloa acaba por aceitar como aluna uma enigmática mulher, após perceber a destreza desta como esgrimista. De repente, sem que nada o fizesse prever, Jaime Astarloa vê-se envolvido num enredo de contornos surpreendentes, que se precipitam com o assassinato de um seu aluno e amigo por, presumivelmente, Adela...
O livro de Pérez-Reverte, não sendo nenhuma obra maior da literatura espanhola, lê-se com agrado; o autor escreve de uma forma interessante, rica, e constrói belissimamente o enredo. A transformação do romance, a cerca de dois terços do volume, num quase policial contribui para prender o leitor; o modo como o livro é fechado é, na minha visão, bastante feliz, dados os limitados recursos (ao nível de personagens, acontecimentos, etc.).

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