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Consigo reconhecer neste Uma Menina está Perdida no seu Século à Procura do Pai as características que me fazem apreciar a escrita e o universo imaginário de Gonçalo M. Tavares, e que acabam por rebater a impressão menos positiva do livro lido há uns meses (Os Velhos Também Querem Viver).
A história desenvolve-se em torno de dois personagens: Hanna, uma menina com trissomia 21 que diz andar à procura do pai, e Marcus, um indivíduo que, embora andando em fuga (do seu passado?), encontra uma espécie de rumo na busca de Hanna. Na sua dupla demanda (busca/fuga), estas duas figuras cruzam-se com um conjunto de seres caricatos, cada um com um modo particular (igualmente insólito) de ver a vida e o mundo: um revolucionário que cola cartazes em ruas secundárias, um antiquário que, seguindo uma tradição familiar, se dedica a escrever números pares, ou um artista de arte microscópica.
Se li este livro com bastante agrado, achei o desfecho pouco satisfatório do romance - como se o mesmo concluísse à falta de conclusão, apagando-se no vazio. Poder-se-á legitimamente defender que mais nada haveria a contar, que mais nada se podia fazer daqueles dois personagens; porém, considerando o modo como o autor fechou os romances de "O Reino", acredito que este Uma Menina está Perdida no seu Século à Procura do Pai, mesmo sem trazer respostas, poderia ter sido fechado de um modo menos inócuo.
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