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Até ao momento, A Consciência de Zeno, de Italo Svevo, talvez seja a maior surpresa do ano, no que a romances diz respeito. A leitura da novela Um Embuste Perfeito deu-me a conhecer - está agora confirmado - um grande escritor, e a curiosidade pela descoberta das suas obras parece-me ainda mais justificada. Próximo capítulo será, ao que parece, a leitura de Senilidade, que já figura na pilha de livros a ler num futuro próximo.
A Consciência de Zeno é um belíssimo livro, muito bem escrito e, já agora, bastante bem traduzido. A escrita de Svevo é elegante; o relato da vida de Zeno, cativante; o ritmo que imprime à narrativa, bem com a estrutura do romance, inteligentes. Em suma, este foi um daqueles livros em que, não estando a leitura ainda fechada, se impôs a certeza de um regresso.
Nesta obra, Zeno, desafiado pelo seu psicanalista, reflete sobre a sua vida - ou, talvez mais acertadamente, sobre alguns pontos particularmente significativos (e relevantes para a sua "cura") do seu percurso. O seu hábito de fumar e as tentativas falhadas para largar esse vício, a relação com o seu pai na juventude e a vivência da sua morte, o percurso algo truculento até ao casamento, a sua vida conjugal e extraconjugal, ou os seus esforços comerciais no negócio do cunhado são-nos relatados no manuscrito de Zeno (um escrito, aliás, nada inocente...). O humor e a ironia estão constantemente presentes na escrita de Svevo, e não é difícil reconhecer a crítica à sociedade de então ou à própria psicanálise.
Senti em vários momentos estar presente uma obra maior da literatura, absolutamente deliciosa. Independentemente disso, é uma obra que facilmente recomendarei a quem entenda gostar de boa literatura!