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Preparando-me para entrar na obra completa (no que se refere a haikus) de Matsuo Bashô (nas versões portuguesas de Joaquim M. Palma - O Eremita viajante), decidi revisitar o pequeno volume O Gosto Solitário do Orvalho seguido de O Caminho Estreito (versões de Jorge Sousa Braga). Há muitos anos já que aprecio a forma poética do haiku, na sua brevidade, depuração, simplicidade e subtileza, pelo que retiro muito prazer de cada regresso à leitura de Issa ou Bashô.
Parti para este livro sobretudo pelos haikus (a primeira parte, O Gosto Solitário do Orvalho, é uma seleta de alguns poemas que têm como pano de fundo as quatro estações), mas, na verdade, acabei por ser surpreendido pelo relato de viagem O Caminho Estreito: este constituiu-se por uma relato em prosa, aliás bastante poético e impressivo na sua simplicidade (julgo que não será indiferente a qualidade e sensibilidade da tradução), pontuado aqui e além por poemas, que vão sendo criados (ou citado, porque há poemas de outros) ao longo da viagem. O leitor sente-se (ou pelo menos este leitor sentiu-se) a peregrinar com o autor, ultrapassando as distâncias de tempo, lugar, contexto. No texto de Bashô a Natureza harmoniza-se com o humano, e o leitor (eventualmente) com a espiritualidade nele patente.