sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

"Os Passos em Volta", de Herberto Helder

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A escrita de Herberto Helder, para quem conhece a sua poesia, é absolutamente deslumbrante (e única). Nas curtas prosas (contos?) de Os Passos em Volta a força da linguagem deste autor é apreendida logo a partir das primeiras frases («Se eu quisesse, enlouquecia. Sei uma quantidade de histórias terríveis. Vi muita coisa, contaram-me casos extraordinários, eu próprio...»). Muitos outros exemplos poderiam ser fornecidos.
A prosa (tal como a poesia) de Herberto Helder é intensa e muitas vezes atormentada (ainda que não nos possamos esquecer que toda a escrita é um jogo, um artifício). Diz quem o autor conhece que em Os Passos em Volta tropeçamos com aspetos da sua biografia (as suas deambulações pelo Norte da Europa, uma certa marginalidade voluntária, etc.) - mas sendo a vida de Herberto Helder grandemente desconhecida, na medida em que o autor procurou de há quarenta anos a esta parte um apagamento mediático («Meu Deus, faz com que eu seja sempre um poeta obscuro»), é impossível estar totalmente seguro. Independentemente desse ponto, é enquanto obra ficcional que se recomenda este livro.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

"O Náufrago", de Thomas Bernhard

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Reli nestes últimos dias o livro que me apresentou um dos meus escritores favoritos - o austríaco Thomas Bernhard. Se, como habitualmente me acontece nos seus livros, estranhei o estilo de escrita nas primeiras quatro ou cinco páginas, rapidamente fiquei preso. Trata-se de uma escrita ímpar, obsessiva, que parece respirar da mesma forma que uma sinfonia (os temas principais são frequentemente repetidos, ainda que apresentando constantes variações, das mais ligeiras às mais contraditórias).
O universo deste autor também me agrada bastante. A música - dita erudita -, bem assim como a arte e a filosofia, está sempre presente; neste caso, Glenn Gould (pianista falecido um ano antes da publicação deste livro e, de certo modo, mote para a construção desta obra) é transformado em personagem transversalmente presente (o seu génio esmaga Wertheimer - talvez a semelhança com o nome do personagem suicida de Goethe, Werther, não seja acidental).
Um livro, portanto, original e culto (com bastantes referências culturais); simultaneamente, uma narrativa muitas vezes ácida, ou mesmo cáustica, característica deste autor que perpassa por todos os livros que dele li.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

(Início)

Muitas vezes dou por mim a pensar no número de livros lidos pelos grandes leitores - seguramente alguns milhares -, mas chego sempre à conclusão que um bom leitor dificilmente conseguirá tocar todos os livros clássicos no espaço de uma vida (chamo "clássicos" aquelas referências culturais obrigatórias, mas atendendo a que alguns poucos livros - serão assim tão poucos? - publicados nos últimos cinquenta anos já se podem considerar clássicos...). Isto se quiser manter uma relação próxima com o seu próprio tempo (ou seja, ler os autores de agora, alguns dos quais, ainda que talvez os menos óbvios, se tornarão as referências culturais obrigatórias de amanhã)...

Neste blogue, sem qualquer objetivo de totalidade, apenas se publicitam (para quem?) os livros que vou lendo ou relendo (ou que espero ler ou reler - mas não os que já li e a que não conto regressar) por vezes com algumas observações suscitadas pelos mesmos.